Na dinâmica da psique os polos inconsciente e consciente tem uma tendência a não estar em conformidade em relação aos seus conteúdos. Uma reação do inconsciente leva a uma reação do consciente, a função transcendente tem como objetivo levar o equilíbrio dessas forcas. “Visto que a psique é um sistema auto-regulador, como um corpo vivo, é no inconsciente que se desenvolve a contra-reação reguladora” (JUNG, 2011, § 159).
 
Esse evento arquetípico leva o inconsciente a manter comunicação com o consciente, entretanto essa cominação em grande parte, é recebida pela consciência com certas barreiras, devido a valores estabelecidos na mesma. O ego deve permitir que as expressões do inconsciente aflorem na consciência em primeiro momento, para depois ser apreciado por esse ego, desta forma, um novo material surja, transcendendo.
 
Quando realmente nos entregamos ao dia logo entre o ego e o Si-mesmo conhecemos imagens arquetípicas que habitam nossos próprios corpos. Isso é uma energia, as vezes em maior quantidade do que nos sentimos capaz de lidar. Nossos corpos adquirem então, tanto física quanto psicologicamente, novas posturas e novas atitudes de aceitação e celebração. Podemos, por exemplo, finalmente nos libertar de uma longa dependência de uma substância, de uma bebida, ou de um tipo especial de comida. Podemos conseguir que nossa pressão arterial diminua depois de muito tempo. Podemos sentir alívio de nossas dores nas costas, ou aumentar nossa capacidade de suporta-la. Podemos sentir êxtase sexual pela primeira vez depois de muitos anos. Sentimos que vivemos em nossa forma finita em contato com algo infinito. (ULANOV, 2003, p. 283)
 
No tocante a função o transcendente, percebe-se esta, como a ampliação do entendimento dos fenômenos, dos símbolos nos sonhos, ou nos sintomas orgânicos contrapondo a uma atitude unilateral da consciência. O corpo é percebido como símbolo e nele expressado os conflitos internos, desarmonias, angustias apresentando-se ao mundo material em forma de doenças, que possam através da conscientização e permissão do ego uma transcendência para um novo organismo, uma nova canalização da energia vital.
 
Alex Almeida e Almeida
 
Referências:
 
ULANOV, A. Jung e a religião: o si-mesmo opositor. In:   . Manual de Cambridge
para estudos junguianos. Porto Alegre: Artmed, 2003.
 
JUNG, C. G. A Natureza da Psique. Rio de Janeiro: Vozes, 2011.